Pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) revela que, desde as últimas eleições municipais, em 2004, 431 prefeitos mudaram de partido. Desses, 156 – o equivalente a 3% dos 5.562 – migraram após 27 de março e, portanto, correm o risco de perder o mandato. Essa data foi estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como ponto de partida para a fidelidade partidária.Em SC dos 293 municípios, oito prefeitos mudaram de sigla. A pesquisa também indica apenas um caso em que prefeito e vice do mesmo partido migraram para outro.
O STF decidiu, dia 4 de outubro, que mandatos conquistados em eleições proporcionais (vereadores, deputados estaduais e federais) pertencem aos partidos e não aos candidatos. E que os que trocaram de legenda após 27 de março estão sujeitos à perda de mandato, resguardado amplo direito de defesa e o contraditório em processos individuais.
Na terça-feira, 16 de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu por unanimidade, que a fidelidade partidária é extensiva a detentores de cargos majoritários: prefeitos, governadores, senadores e presidente da República. Daí o risco de perda de mandato para prefeitos.
A data, porém, ainda depende de definição do TSE que deverá ser anunciada na próxima semana. Mas, na quarta-feira, 17 de outubro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, defendeu que a fidelidade partidária para eleições majoritárias (prefeitos, governadores, senadores e presidente da República) seja válida a partir do dia 27 de março.
"O sistema é único. Não há porque se estabelecer como marco final para o troca-troca em relação às eleições majoritárias a data de ontem (terça-feira, 16 de outubro)", disse, ao chegar à sessão do STF, do qual também faz parte.
Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a fidelidade partidária é importante como forma de valorizar e moralizar os Partidos políticos, entretanto defende que as medidas tenham validade a partir de agora, uma vez que como as dúvidas sobre as regras somente foram pacificadas nesse momento pelo STF e pelo TSE, não haveria a possibilidade da decisão retroagir para prejudicar.
O levantamento da CNM mostra que, de 2004 até o momento, 431 prefeitos mudaram de partido. O PPS foi a legenda da qual houve o maior evasão: 77; seguido do DEM, com 64; e do PTB, com 46. Entre os que mais receberam, encabeça a lista o PMDB, com 134; seguido pelo PR, com 98; e pelo PSDB, com 54.
Por estados, o maior troca-troca aconteceu em Mato Grosso (65), seguido do Paraná, com 47; e do Tocantins com 45. Dos 431 prefeitos que mudaram de partido, 124 têm vice na mesma legenda de seu partido de origem. Essa situação é mais comum no PPS e no DEM, com 22 casos em cada.
O partido do vice-prefeito ganha importância após a decisão do Senado Federal, nesta quarta-feira, 17, que aprovou a Proposta de Emenda à Constituição Nº 23/2007, de autoria do Senador Marco Maciel. O texto determina que, caso o prefeito troque de partido, perderá o cargo e será substituído pelo vice, ou seja, se a regra estivesse vigendo desde 2004, em 303 Municípios haveria não apenas troca do titular do executivo, mas também do partido a frente da Prefeitura. A medida aprovada pelo Senado ainda depende de duas votações na Câmara dos Deputados para entrar em vigor. Entretanto essa medida gera outra polêmica, como fica a situação onde tanto o Prefeito como o Vice mudaram de partido? Assume o Presidente da Câmara? Segundo a pesquisa da CNM, nesses 431 Municípios, 129 Vice-Prefeitos mudaram de legenda.
A decisão do TSE da próxima semana irá definir a regra para a substituição para o caso de perda de mandado dos Prefeitos, Governadores e Presidente, mas a posição antecipada de seu Presidente é de que deveria haver nova eleição, o que parece um contra-senso uma vez que essa regra não garantiria o mandato ao partido original dos políticos.
Partido |
Prefeitos 2004 |
Saíram |
Entraram |
Prefeitos 2007 |
DEM |
790 |
64 |
19 |
745 |
PAN |
1 |
1 |
0 |
0 |
PC do B |
10 |
0 |
2 |
12 |
PDT |
305 |
25 |
18 |
298 |
PHS |
26 |
4 |
0 |
22 |
PMDB |
1.058 |
29 |
135 |
1164 |
PMN |
31 |
2 |
5 |
34 |
PP |
552 |
37 |
17 |
532 |
PPS |
306 |
77 |
6 |
235 |
PR |
388 |
42 |
98 |
444 |
PRB |
|
0 |
5 |
5 |
PRP |
37 |
7 |
1 |
31 |
PRTB |
12 |
5 |
2 |
9 |
PSB |
173 |
20 |
29 |
182 |
PSC |
28 |
8 |
5 |
25 |
PSDB |
871 |
40 |
54 |
885 |
PSDC |
13 |
3 |
0 |
10 |
PSL |
25 |
6 |
2 |
21 |
PT |
412 |
9 |
7 |
410 |
PT do B |
23 |
1 |
0 |
22 |
PTB |
425 |
46 |
23 |
402 |
PTC |
16 |
1 |
1 |
16 |
PTN |
5 |
0 |
0 |
5 |
PV |
55 |
4 |
1 |
52 |
SEM PART |
|
0 |
1 |
1 |
Total |
5.562 |
431 |
431 |
5.562 |
UF |
Quant. De mudanças por UF |
|
UF |
Municípios com prefeito e vice do mesmo partido |
|
Partido |
Prefeito de vice do mesmo partido |
AC |
2 |
|
AC |
1 |
|
DEM |
22 |
AL |
19 |
|
AL |
4 |
|
PAN |
1 |
AM |
3 |
|
AM |
1 |
|
PC do B |
0 |
AP |
1 |
|
AP |
0 |
|
PDT |
4 |
BA |
25 |
|
BA |
9 |
|
PHS |
1 |
CE |
8 |
|
CE |
2 |
|
PMDB |
7 |
DF |
0 |
|
DF |
0 |
|
PMN |
0 |
ES |
6 |
|
ES |
0 |
|
PP |
12 |
GO |
10 |
|
GO |
2 |
|
PPS |
22 |
MA |
11 |
|
MA |
2 |
|
PR |
14 |
MG |
25 |
|
MG |
11 |
|
PRP |
2 |
MS |
8 |
|
MS |
1 |
|
PRTB |
0 |
MT |
65 |
|
MT |
20 |
|
PSB |
5 |
PA |
12 |
|
PA |
2 |
|
PSC |
1 |
PB |
15 |
|
PB |
5 |
|
PSDB |
16 |
PE |
32 |
|
PE |
10 |
|
PSDC |
1 |
PI |
11 |
|
PI |
2 |
|
PSL |
0 |
PR |
47 |
|
PR |
11 |
|
PT |
4 |
RJ |
10 |
|
RJ |
2 |
|
PT do B |
0 |
RN |
12 |
|
RN |
5 |
|
PTB |
12 |
RO |
7 |
|
RO |
2 |
|
PTC |
0 |
RR |
2 |
|
RR |
0 |
|
PTN |
0 |
RS |
12 |
|
RS |
4 |
|
PV |
0 |
SC |
8 |
|
SC |
1 |
|
Total |
124 |
SE |
7 |
|
SE |
2 |
|
|
|
SP |
28 |
|
SP |
14 |
|
|
|
TO |
45 |
|
TO |
11 |
|
|
|
Total |
431 |
|
Total |
124 |
|
|
|
* considerando os 431
Prefeitos que trocaram de partido após 27/03 |
||
Trocaram |
Prefeitos |
% |
Sim |
156 |
36% |
Não |
275 |
64% |
Total |
431 |
100% |
|
|
|
Vice-Prefeitos que trocaram de partido |
||
Trocaram |
Prefeitos |
% |
Sim |
129 |
30% |
Não |
302 |
70% |
Total |
431 |
100% |
Fonte: Agência CNM